Lapónia: A porta de entrada do Ártico com vista para as Auroras Boreais
Lapónia: A porta de entrada do Ártico com vista para as Auroras Boreais
Lapónia: A porta de entrada do Ártico com vista para as Auroras Boreais
07-02-2025
Os meses de inverno na Lapónia são de pouca luz, mas de grande atividade para o turismo local, com caça às auroras boreais como a jóia da coroa. Mas também há passeios de rena, condução de Huskies e condução de Snowmobile. Na dúvida fizemos todas.
A Lapónia finlandesa é conhecida como a terra do Pai Natal, cuja a aldeia se situa nos arredores da cidade Rovaniemi, gelada por estes dias. Mas esta terra inóspita, onde em janeiro e fevereiro os termómetros facilmente batem os -30 graus, tem também outros atrativos. Experimentámos quase todos e de facto atividades outdoor é coisa que não falta e frio foi coisa que nunca tivemos.
A pergunta é inevitável antes da chegada e quando se chega: “dá para fazer alguma coisa com este frio?” A resposta vem com o passar dos dias e é muito simples: “sim, dá. Tudo!”. A nossa passagem pela porta de entrada do Circulo Polar Ártico assim o demonstrou e todas as experiências tiveram o cunho do gelo e da neve. Claro que sempre protegidos contra o frio polar, proteção essa dada pela roupa em camadas que usámos e pelos equipamentos facultados pelas empresas de atividade turística.
Muito procurada pelo turismo nos meses de inverno, onde o dia amanhece tarde e “adormece” cedo, Rovaniemi é o epicentro de toda a atividade nesta região inóspita e onde ficam localizadas todas as empresas de turismo. Todas elas oferecem praticamente as mesmas tours, mas a qualidade do serviço varia. A nossa experiência passou por três delas e o resultado não podia ter sido melhor para três dias incríveis.
“Caça” às Auroras Boreais e Safari de Huskys na Lapónia
Ir à Lapónia e não ver as Auroras Boreais é como ir a Roma e não ver o Papa. Por isso, antes de irmos para a terra do Pai Natal, escolhemos cuidadosamente todas as atividades que queríamos fazer. Escolhemos a Lapland Royal Adventures para nos ajudar nesta aventura de três dias de estada em Rovaniemi. Foi, sem dúvida, uma escolha acertada.
Como estávamos instalados no centro da cidade, fomos diretamente ao escritório para seguirmos à caça da Aurora Boreal, um dos ex-libris da Lapónia – para quem está fora da cidade há um serviço de transporte incluído no preço. Nesta “caça”, porque é mesmo disso que se trata, a van sai de Rovaniemi por volta das 19h00 e vamos, sem limite de quilómetros, procurar as luzes mágicas que iluminam o céu, num tour que pode ir das seis horas de duração até madrugada dentro e levar inclusivamente entrar a entrar na Suécia, um dos países vizinhos. Tudo pelos avistamentos.
Fizemos várias paragens ao longo da viagem na tentativa de encontrar as Auroras Boreais. À terceira tentativa e já a uns bons quilómetros de Rovaniemi, conseguimos finalmente perceber porque os turistas têm esta tour no top da lista de uma viagem à Lapónia.
“Primeiro aparece uma nuvem branca, mas não uma nuvem como tantas as que vemos no nosso dia a dia”
A cor dominante era a verde, mas conseguimos ver uns laivos de vermelho. Ficámos cerca de 10 minutos para fazer algumas fotografias e sempre com a ajuda do guia. Uma das curiosidades é que na maioria das vezes as Auroras Boreais não são visíveis a olho nu e quanto mais escuro estiver melhor se conseguem ver. Parece confuso, mas não é. O guia explicou-nos que primeiro aparece uma nuvem branca, mas não uma nuvem como tantas as que vemos no nosso dia a dia. E, quando apontamos com o telemóvel ou com uma câmara é quando a magia acontece.
Seguimos estrada fora para tentar encontrar uma que estivesse mais forte. Com sorte, podem encontrar-se Auroras tão intensas que parece que dançam, num show de luzes inesquecível. Infelizmente não conseguimos encontrar nenhuma assim. Mas encontrámos mais três Auroras nas paragens seguintes.
Nenhuma verdadeiramente intensa, mas todas elas mágicas. Não é difícil ter uma boa fotografia, mas é complicado conseguir focá-la. Na noite em que fomos apanhámos cerca de -26 graus e embora fossemos muito bem agasalhados a mão para fotografar tinha de estar de fora, além disso, está totalmente escuro. O guia conseguiu ajudar-nos e o resultado está à vista.
Os turistas à volta da fogueira
O passeio termina com um churrasquinho à volta da fogueira, feita pelo guia, no meio da neve, em que são servidos pequenos snacks e bebidas quentes. No nosso caso não houve, porque a maioria dos turistas, exausto da caçada, preferiu ir direto para o hotel. A caça às Auroras só terminou já passava da uma e meia da manhã. De salientar que nem sempre é possível ver Auroras Boreais, é um fenómeno natural e pode não acontecer. Quanto mais limpo e estrelado estiver o céu, mais probabilidade há de serem visíveis. Alguns turistas saem defraudados por pagarem uma viagem (que não é barata) e o objetivo não ser cumprido, mas nestes casos as agências não têm culpa.
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O dia seguinte, bem cedo foi preenchido com um Safari de Huskys, um passeio verdadeiramente incrível e inesquecível. Fomos novamente com a Lapland Royal Adventures e desta vez numa tour privada, que pode ser solicitada diretamente com eles. O valor é um pouco mais elevado para quem prefere não ir com mais pessoas, mas a liberdade é totalmente diferente.
Saímos do escritório eram 09h00 e seguimos de van por cerca de 60 quilómetros até à quinta onde moram os Huskys. O nosso trenó já estava pronto e antes de iniciarmos o passeio a Husky Musher fornece todas as informações essenciais, garantindo a segurança e diversão de como se conduz o trenó. Sim, fomos nós que o conduzimos, o que torna a experiência ainda mais incrível.
“Entramos numa realidade em que nada mais existe a não ser os huskys, neve, árvores e silêncio.”
Depois de todas as medidas de segurança explicadas, a magia aconteceu. Assim que a tratadora abriu o portão e acelerou a sua mota (vai sempre à frente dos cães), os cinco Huskys cuidadosamente escolhidos consoante o peso dos passageiros, começaram a correr.
O vento gelado dos cerca de -27 graus não incomodaram nada face à grandiosidade das paisagens em que estávamos envolvidos. É difícil descrever a sensação, mas o melhor que se pode dizer é que este passeio é de facto mágico. Entramos numa realidade em que nada mais existe a não ser os huskys, neve, árvores e silêncio. Um cenário a preto e branco que nos faz esquecer tudo resto.
Durante cinco quilómetros o passeio é sempre assim, apenas interrompidos por uma pequena paragem onde há tempo para fazer algumas fotografias e os cães beberem água na neve. É delicioso ver quando eles param, deitam-se na neve, brincam e interagem com a tratadora.
“Depois de o trenó estar arrumado e os huskys novamente no seu canil, chega a hora de ir para a fogueira.”
A única dificuldade nesta tour é conseguir filmar e fotografar sem congelar as mãos, mas é um sacrifício que vale a pena. O passeio dura cerca de 40 minutos. Depois de o trenó estar arrumado e os huskys novamente no seu canil, chega a hora de ir para a fogueira onde é servido um pequeno lanche que inclui uma tosta na grelha, uma bolacha e sumo quente de mirtilo.
O ambiente é aconchegante e ajuda a aquecer desta jornada. Aqui são explicadas algumas curiosidades sobre os cães e ainda há a oportunidade de ver os cachorrinhos, alimentá-los e interagir com eles. Foi uma manhã muito bem passada. No regresso à cidade, parámos ainda para ver um rio totalmente congelado, pisá-lo e ouvir o silêncio daquele lugar. Esta foi sem dúvida uma viagem inesquecível.
Passeio de Renas e snowmobile para mais uma caça às Auroras Boreais
As renas são o cartão de visita para quem quer ir à Lapónia e um tesouro nacional para os finlandeses. E, por isso não podíamos deixar de fora este animal tão protegido e dócil de fora desta nossa passagem pela terra do Pai Natal. Para os três dias desta viagem inesquecível decidimos fazer duas tours: Uma visita às tradicionais renas da Lapónia com um curto passeio de trenó e uma experiência de motas de neve pela floresta para ver as Auroras Boreais. E qual deles o melhor. Escolhemos a Staylapland para organizar estas duas excursões.
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Começámos pelo passeio de snowmobile, às 19h00. Como estávamos hospedados no centro de Rovaniemi, fomos a pé até ao ponto de encontro – quem está fora da cidade tem transfer ida/volta incluído no valor da excursão. Fomos recebidos com um café e deram-nos, de seguida, um fato, luvas e botas térmicas para enfrentar os –21 graus que se faziam sentir. Já de capacete debaixo do braço e um passa-montanhas para a cabeça, seguimos para a carrinha que nos levou para o meio da floresta.
“A aventura começa ainda devagar para todos se habituarem à mota e à condução na neve, que é verdadeiramente libertador.”
As motas já estavam ligadas e o guia deu uma breve e essencial explicação de como conduzir uma mota de neve, a todos os passageiros. Para quem escolhe partilhar uma snowmobile – a meio do percurso há uma paragem em que se pode trocar o condutor.
A aventura começa ainda devagar para todos se habituarem à mota e à condução na neve, que é verdadeiramente libertador. Seguimos todos atrás do guia que nos levou para o meio da floresta e sempre de olho para ver se estávamos todos bem. Uma das nossas preocupações era o frio que podíamos passar com o vento que se apanha na mota, mas a verdade é que o fato, as botas, as luvas e o capacete não deixam passar qualquer frio ou floco de neve.
Não é difícil conduzir uma mota de neve, mas é completamente proibido travar a fundo, para que a mota não fuja e não sejamos projetados. Apanhando o jeito é só deixar ir e desfrutar. Parámos a meio do percurso para observar Auroras Boreais, mas não tivemos sorte. Esperámos alguns minutos, mas nada aconteceu. Voltámos para trás e desta vez com troca de passageiros. Há a opção de alugar uma mota por passageiro.
“Não é difícil conduzir uma mota de neve, mas é completamente proibido travar a fundo, para que a mota não fuja e não sejamos projetados.”
A imensidão da floresta coberta de neve é arrebatadora e uma vez que a concentração na condução tem de ser total, somos obrigados a viver aquele momento com intensidade, o que é maravilhoso. Mas a melhor surpresa estava ainda por vir. No final do passeio, o guia levou-nos para uma tenda no meio da neve, onde acendeu um pequeno fogo para preparar um churrasco. E, foi aqui que a magia aconteceu: Uma pequena Aurora Boreal surgiu no céu e deliciou a todos os que estavam ali, seguindo-se outra e mais outra.
O passeio dura cerca de três horas e mais uma vez, vale cada segundo. A vantagem de escolher esta tour para ver as Auroras Boreais é que caso elas não apareçam, pelo menos consegue-se desfrutar de um passeio de mota na noite do ártico.
Passeio com o símbolo nacional da Finlândia
Um dos momentos mais aguardados era o dia em que íamos estar com as renas. E não saímos defraudados. Para que o passeio seja ainda mais confortável, a Staylapland fornece roupa e botas térmicas. A tour na quinta das renas começa a partir do escritório por volta das 09H00 de onde seguimos para a floresta, o mesmo local onde foi o passeio de motas de neve.
Assim que chegamos somos de imediato contagiados pela beleza das renas e o ambiente que as rodeia. Os tratadores recebem-nos com uma breve explicação de como chegar até elas e como as podemos alimentar.
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Estes animais extremamente dóceis, mas não podemos fazer qualquer movimento brusco para não as assustar, principalmente quando chegamos perto delas, uma vez que nos podem magoar com os seus cornos. As renas são um animal sagrado na Lapónia e são extremamente protegidas tanto pelos seus donos como pelo Governo central.
“Todos os animais têm um chip para serem localizados e os cuidadores saberem se estão bem.”
Uma das curiosidades é que depois de terminada a época alta da Lapónia, as renas são soltas e vivem em liberdade na floresta durante os meses de verão, ou seja, na realidade passam oito meses longe da presença humana. Todos os animais têm um chip para serem localizados e os donos saberem se estão bem. Têm ainda uma pequena marca de identificação.
Quando começa a época alta, em finais de setembro, há uma “caça à rena” para voltarem para a sua quinta e a procura pelos animais é feita de várias formas que incluem, motas e mesmo helicópteros. As renas são extremamente valiosas e custa cerca de mil euros adquirir uma. Contudo, depois de receber treino, que demora entre dois a quatro anos, pode ver o seu valor subir até aos cinco mil euros.
Nesta quinta podemos alimentar as renas e interagir com este extraordinário animal – era impossível não querer estar sempre a tocar-lhes. Fizemos um breve passeio de trenó – 500 metros pelo meio da floresta – e no final podemos estar mais alguns minutos a alimentá-las e a fazer-lhes festas.
O passeio terminou, mais uma vez, à volta da fogueira, onde foi servido um pequeno lanche e um sumo aquecido ao lume. Foi, sem dúvida, um passeio mágico.
Texto: Ana Lúcia Sousa; Fotos: Luís Correia
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