Aprenda a fazer a verdadeira poncha da Madeira com o Rei
Aprenda a fazer a verdadeira poncha da Madeira com o Rei
Aprenda a fazer a verdadeira poncha da Madeira com o Rei
11-12-2023
As mãos calejadas são as marcas de mais de dez anos a preparar ponchas segundo os preceitos antigos. “Tento manter e cumprir a tradição à regra. Há muitas ponchas feitas com varinhas mágicas ou liquificadoras. É poupar o trabalho homem, não ter tanto esforço e ter mais rentabilidade”, explica o empresário madeirense de 27 anos.
Descascar e esmagar a fruta, misturá-la com o açúcar e com aguardente de cana requer tempo e paciência, assegura Nestor, acrescentando: “É isto que faz manter a palavra poncha”.
Nestor Vicente, filho de emigrantes madeirenses na Venezuela, é fundador da marca Rei da Poncha. Ainda não chegou aos 30 e já é dono de dois espaços, um no Funchal e outro na ilha de Porto Santo. Foi, no entanto, o espaço na chamada “Ilha Dourada”, muito frequentada no verão por milhares de madeirenses, que lhe permitiu ganhar nome. “Devo tudo a Porto Santo”, reconhece. E o reconhecimento pelo trabalho feito no Porto Santo foi tal que, em 2016, abriu o segundo bar, no Funchal.
O ano é passado entre a Madeira e o Porto Santo, a gerir os dois espaços
Nestor não se autointitula “Rei da Poncha” mas há poucos que a preparam como ele. O nome surgiu por sugestão de um cliente e, antes que alguém roubasse a ideia, Nestor tratou de a registar. “Tive medo de ser o idiota que dava o nome e depois haver algum iluminado que registasse a marca”, conta. Com nome estabelecido no arquipélago, o futuro passa agora por levar a poncha até ao continente. “Quero continuar a mimar esta bebida típica que pertence às nossas raizes madeirenses”.
O que é a poncha?
Viciado em antiguidades desde miúdo, o madeirense conta que a ligação à poncha surgiu de forma natural. “Identifico-me muito com as coisas antigas. E o que melhor do que a poncha, que nasceu há muitas décadas?”.
A primeira, a original, é a Poncha à Pescador. Como o nome indica, foi criada pelos homens que andavam na faina. “Era usada pelos pescadores para se abafarem das noites frias no mar”, conta Nestor. Os ingredientes? Casca de limão esmagada com açúcar, sumo de limão e aguardente de cana. Madeirense, claro.
“Não usavam mel porque era um produto muito caro na altura”
Atualmente, há variações desta bebida, com recurso a frutas como tangerina, kiwi e a outras bebidas espirituosas como a vodka. “Como houve evolução no mundo, a poncha não ficou atrás. No meu ponto de vista, essas bebidas não são ponchas. São cocktails de poncha”, distingue Nestor, acrescentando: “Poncha, para mim, é a à pescador [só com limão] e a regional [ver receita abaixo]”.
No Rei da Poncha, no Porto Santo, o que sai mais é… a poncha de tangerina. “Além de ser o meu sustento, tento que o meu cliente saia com um sorriso na cara”, diz Nestor. E saímos.
A receita
Poncha regional madeirense
Ingredientes (para 6 copos de poncha)
2 limões
2 laranjas
1 1/2 colher de sopa de açúcar branco
Mel de abelhas a gosto
Aguardente de cana da Madeira
Utensílios
1 copo para usar como medidor (de preferência igual ao que vai usar para servir a poncha)
Caralhinho (instrumento madeirense usado na preparação de bebidas alcooólicas como a poncha, a niquita ou o pé de cabra)
um copo alto e resistente
pilão
faca ou raspador
1 jarro
1 coador
1 funil
Modo de preparação
No copo alto coloque a casca de um limão. Acrescente uma colher e meia de açúcar branco.
Esmague com o pilão. Esprema o sumo dos limões e das laranjas. Adicione o sumo à mistura de casca e açúcar. Misture com o caralhinho. Coe a mistura para o jarro. Adicione a aguardente de cana (o mesmo volume do sumo de laranja e limão). Junte o mel com a ajuda do caralhinho.
Misture e sirva.
Texto: Raquel Costa
Fotos e vídeo: Hugo de Almeida
Agradecimentos: Vila Baleira Resort
Percorra a galeria e apaixone-se por Porto Santo.
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