Viagens com crianças? Leia o que diz a psicóloga Maria Serra Brandão!

Viagens com crianças? Leia o que diz a psicóloga Maria Serra Brandão!

Viagens com crianças? Leia o que diz a psicóloga Maria Serra Brandão!

Artigo de Luís Correia 28-07-2023

28-07-2023


Em altura de férias, nem sempre é fácil gerir a vida familiar com crianças em casa e sobretudo quando se vão passar alguns dias fora. A psicóloga Maria Serra Brandão aborda este tema e dá ferramentas para que tudo corra bem.

A primeira de muitas dúvidas que assaltam alguns pais é saber se, em férias, se devem aliviar ou não as regras e os horários. Maria explica que “deve encontrar-se um equilíbrio e alguma flexibilidade, mas também manter as rotinas que a criança está habituada a ter e às quais ela deveria já responder bem”, diz.

Quer isto dizer, segundo a psicóloga, que se deve sair um bocadinho da rigidez mas, ao mesmo tempo respeitando as necessidades fisiológicas de cada bebé ou criança.

Maria alerta que “não é por chegar às férias que a criança pode passar a dormir oito horas em vez de doze. Pode haver uma noite em que isso acontece, porque vamos jantar fora e a criança deita-se naturalmente mais tarde”, exemplifica.

“Não é por chegar às férias que a criança pode passar a dormir oito horas em vez de doze”

Mas se sair da rotina faz bem, depois há que compensar no dia a seguir “alguma disrupção que criámos no dia anterior”, avança a especialista do sono que recentemente lançou o livro, Solução Para Noites Tranquilas.

Estas pequenas tarefa de recuperação, nada têm de complicado. “Jantámos fora e deitámos tarde e fomos todos e divertimo-nos e a criança esteve ótima, agora, no dia seguinte acumulou cansaço e o cansaço acumulado começa a ser um problema”, diz Maria.

A especialista do sono reforça ainda: “Às vezes, se tirarmos um dia ou uma manhã, para tentar que ela não acumule mais cansaço pode ser uma estratégia.” Quando se abre mão das rotinas em férias, isso pode ser, não apenas um problemas durante as mesmas como também uma complicação no regresso.

Segundo a psicóloga. “o tamanho do estrago associado à forma como saímos da rotina e em que desconsideramos completamente alguns padrões de comportamentos associados às rotinas, também se vai refletir no tempo que vai demorar a reorganizar a rotina uma vez que se volte a casa”, alerta.

“Levar o seu objeto de consolo quando vamos viajar”

Ainda sobre a importância de manter hábitos adquiridos uma vez fora de casa, a autora sugere: “dar algumas rotinas que o bebé ou a criança tinha em casa. Quanto mais pequenos os bebés são, mais estas pequenas pistas são importantes”, esclarece.

Entre as coisas que se podem fazer, Maria Serra Brandão aponta alguns caminhos. “Levar o seu objeto de consolo quando vamos viajar, fazer o ritual do deitar semelhante ao que fazia em casa. Tentar replicar no ambiente de férias algumas das pistas comportamentais que as crianças reconhecem de sua casa, do seu contexto.”

Isto, segundo a psicóloga, fornece “um bocadinho daquele sentimento de confiança e segurança para os ajudar a ir dormir de forma mais serena.” Antes de viajar e sair da rotina, os preparativos começam logo na viagem rumo ao destino. “Às vezes temos de organizar as coisas um bocadinho à volta destas necessidades de sono das crianças”, destaca.

“Se formos atravessar fusos horários, de uma hora para a frente já cria impacto”

Ter este cuidado pode evitar dissabores. “Uma criança de um ano ou de ano e meio, que tem de dormir uma sesta a meio do dia, se não o fizer vai ficar muito impertinente, muito rabugenta, vai condicionar, se calhar, toda a tarde ou toda a noite desta família”, lembra.

Assim, o melhor mesmo é oferecer oportunidades de sono a uma criança ou bebé “mesmo que seja fora do seu ambiente, que era em casa ou na escola e agora se calhar vai dormir na praia ou vai dormir num carrinho no restaurante”, diz-nos.

Se tiver de ser assim é preferível até porque “as crianças habituam-se a dormir assim também”, tranquiliza. O importante mesmo pô-los a dormir à hora a que estão habituados. Desta forma, ajuda-se a criança a “criar a tal mesma relação e a tal previsibilidade para ajudar a criança a preparar o cérebro para ir dormir.”

“Ir adaptando uns dias antes, o acordar um bocadinho mais tarde, deitá-las um bocadinho mais tarde progressivamente”

Nas saídas de férias que implicam viagens ao estrangeiro, o fator jet lag é muitas vezes esquecido pelos pais e Maria alerta que “se formos atravessar fusos horários, de uma hora para a frente já cria impacto, mas quanto mais horas mais impacto vai criar.”

Completamente a favor das viagens com crianças, esta especialista do sono sugere que se faça algum planeamento anterior. “Se a mudança de hora é grande, devíamos tentar nos dias anteriores à mudança, da viagem, começar a tentar ajustar um pouquinho à realidade que vamos encontrar”, lembra.

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Maria sabe que isto nem sempre é possível mas vale o esforço. “Se vamos mudar para um sítio onde são menos horas do que cá, então vamos ter que nos ir deitar mais tarde quando lá chegarmos, como por exemplo para o Brasil, que são quatro horas de diferença”, exemplifica.

Quem puder seguir estes conselhos, “é ir adaptando uns dias ante, o acordar um bocadinho mais tarde, deitá-las um bocadinho mais tarde progressivamente, dar o almoço quinze minutos mais tarde, estamos a falar em diferenças de 15 minutos”, contabiliza.

“Mal se chegue ao novo destino começar a comer nas horas novas.”

Este 15 minutos despendidos, ao fim de quatro dias resultam em uma hora. “Nem sempre é muito fácil de fazer, porque temos de manter as nossas rotinas, mas com bebés que ainda não estão na creche ou crianças que ainda estão em casa conseguimos ajustar o horário delas.”

Se voarmos para um fuso horário em que já é mais tarde, em vez de se adiantar 15 minutos a rotina, atrasa-se. “É importante planear as viagens um bocadinho à volta de descanso. Os voos noturno é fácil, dormimos durante a noite, as crianças também, portanto é logo uma maneira boa de adaptar”, sugere.

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Uma vez no destino escolhido é importante começar o processo de adaptação. “Mal se chegue ao novo destino começar a comer nas horas novas, começar a introduzir a parte das refeições, porque depois isto são tudo soluções que vão-se atropelar umas às outras. Nós começamos logo a regular o organismo para comer àquela hora, a exposição solar ajustada também ao novo horário”, conclui.

Maria Serra Brandão tem dedicado a sua vida ao sono e especializou-se nesta matéria. Recentemente lançou, Solução Para Noites Tranquilas, onde pretende explicar e dar ferramentas aos pais, para que estes possibilitem aos filhos um sono de qualidade e evitem as consequências das perturbações do sono.

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